SESSÃO DE POSTERS

ANÁLISE DE MATERIAIS

ANÁLISE MATERIAL DO VELUDO DO COCHE DO REI FILIPE II (MUSEU NACIONAL DOS COCHES, LISBOA)

Ana Manhita1, Ana Carolina Assis2, Paula Monteiro3, Madalena Serro4, Rita Dargent5, Cristina Barrocas Dias6         

1 – Laboratório HERCULES, Universidade de Évora
2 – Departamento de Química, Escola de Ciências e Tecnologia, Universidade de Évora
3 – Laboratório José de Figueiredo, Direcção-Geral do Património Cultural
4 – Conservadora-restauradora freelancer
5 – Museu Nacional dos Coches, Direcção-Geral do Património Cultural
6 – Laboratório HERCULES, Universidade de Évora & Departamento de Química, Escola de Ciências e Tecnologia, Universidade de Évora

O coche do Rei Filipe II (n.º inventário V0001), exemplar raro de viatura régia, é o coche mais antigo da colecção do Museu Nacional dos Coches (Lisboa). Pelas suas características de construção, presume-se que este coche de viagem tenha sido trazido de Madrid e deixado em Lisboa pelo Rei Filipe II (III de Espanha) em 1619, quando o monarca veio assistir ao juramento de seu filho como sucessor à coroa. Por dentro, está ricamente estufado com veludo cinzelado com as cores hispânicas. A partir de um fragmento deste tecido foram recolhidas 7 amostras no total (veludo e fio metálico) para análise material de corantes, mordentes e composição do fio metálico laminado. Para a identificação de corantes naturais, recorreu-se à análise através de cromatografia líquida acoplada a detector diode-array e espectrómetro de massa (HPLC/DAD/MS). A análise de mordentes e fio metálico laminado foi feita por microscopia electrónica de varrimento com espectroscopia de raios-X de dispersão de energia (SEM-EDS). O estudo permitiu a identificação dos corantes naturais lírio-dos-tintureiros e cochinilha, bem como a detecção de alumínio em algumas fibras, o que aponta a utilização de alúmen como mordente.

Os autores agradecem o apoio financeiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia através do projecto UID/Multi/04449/2013 (POCI-01-0145-FEDER-007649).

Palavras-chave: : Veludo e fio metálico laminado • Corantes naturais • Mordentes

MATERIAL STUDY OF THE PLASTER SCULPTURES BY SOARES DOS REIS

Rui Bordalo1, Eduarda Vieira1, Fernando Rocha2, Salomé Carvalho3,4, José Guilherme de Abreu1

1 – CITAR, Universidade Católica Portuguesa
2 – GeoBioTec, Universidade de Aveiro
3 – Direcção Geral de Património Cultural
4 – Museu Nacional Soares dos Reis

Soares dos Reis (1847-1889) is one of the finest 19th century Portuguese sculptors. He worked mainly with stone, bronze, and plaster, but little is known about his sculptural technique and the materials he used. The Soares dos Reis National Museum (MNSR) in Porto holds a considerable collection of his works, including many plaster sculptures, either as studies, final sculptures or casts.
This paper aims to present the material and technical characterization of Soares dos Reis’ plaster sculptural work. To this end, 29 plaster casts from the MNSR collection were selected to be studied for the first time. This selection comprises sculptures made at different stages of his life, including works from when he was a student in Porto and Paris and others made locally at his workshop in Vila Nova de Gaia, already as a renowned artist.
For the study, several samples were taken and analyzed by Raman spectroscopy and X-ray Diffraction (XRD) to determine the plaster’s specific composition in order to establish the origin of the materials, their variability according to the artist’s chronology, and the places of creation of the works, as well as the possible additives used by the artist to accelerate or retard the hardening of the plaster.
This study aims to contextualize the sculptural work of Soares dos Reis and to establish a ground methodology for future studies of plaster sculptures in Portugal. This is the first systematic analytical approach to the study of plaster materials used by 19th century sculptors in northern Portugal and falls within the scope of the GEO-SR project – “Multidisciplinary Approach to Alteration, Alterability and Conservation of Soares dos Reis Geomaterial Sculpture: Breaking Borders in Museum Paradigms and Creating Value in Changing Societies through Cultural Heritage” – (funding by FEDER and FCT, reference number 031304).

Palavras-chave: Plaster • XRD • Raman

ANÁLISE DE MATERIAIS: METAIS

INSIDE THE SIERRA: LATE BRONZE SWORD OF VENDA DAS RAPARIGAS, ALCOBAÇA (CENTRE OF PORTUGAL)

Ana M. S. Bettencourt1,2, Fernando Castro3, Ana Ávila Melo4, Victor Hugo Torres5, Hugo Aluai Sampaio6,2

1 – Departamento de História, Universidade do Minho
2 – Landscapes, Heritage and Territory (Lab2PT)
3 – CT2M, Universidade do Minho
4 – Faculdade de Letras, Universidade de Coimbra
5 – Museu D. Diogo de Sousa
6 – Escola Superior de Hotelaria e Turismo, Instituto Politécnico do Cávado e do Ave

This work presents the finding of a sword recovered at Venda das Raparigas, parish of Benedita, Alcobaça. The finding occurred during the construction of National Road 1, Lisbon-Oporto, during the 20th century, and was in possession of particulars. The object was lay within a karst cavity located in a plateau at the base of the southwest slope of Cabeça Gorda, one of the highest points of Serra de Candeeiros (an impressive mountain range). Several samples were taken from the piece for characterization by chemical analysis, through using X-Ray Fluorescence Spectrometry, and observation under optical and scanning electron microscopes. These analyses were respectively conducted by TecMinho Chemical Analysis Laboratory, by Metallurgy Laboratory of University of Minho and by CEMUP University of Oporto.
The analyses revealed a Cu-Sn bronze alloy. Its microstructure includes a strongly oxidized material. The end part of the sword corresponds to a bronze with about 14% tin, although a lead content more pronounced than the average of similar swords, from about 3%. The remaining area of the object is more homogeneous, including about 10% tin and less lead. The non-oxidized zone reveals an alpha primary phase, copper sulphide inclusions, and rare pockets of an eutectoid constituent. The structure presents a slight zonation, which occurrence may be due the solidification of this kind of alloys. The bronze may therefore be classified as a “cored bronze” type with the presence of eutectoid constituent. The microstructure also reveals the subjection to mechanical processing, and eventually to heat treatment. The sword handle has a composition and microstructure similar to the main part of the blade.
The morphological features of this piece presents affinities with Vénat type swords (extremely rare in the Iberian Peninsula), dating back to the Late Bronze Age.

Palavras-chave: Vénat type sword • Copper and tin alloy • Cored bronze

METALURGIA ISLÂMICA NO GHARB AL-ANDALUS. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DE UM GRUPO DE METAIS A BASE DE COBRE PROVENIENTES DE SILVES

Carlo Bottaini1,2, Maria Gonçalves3, José Mirão1,2, Rui J. C. Silva4

1 – Laboratório HERCULES
2 – Universidade de Évora
3 – Câmara Municipal de Silves
4 – CENIMAT/I3N, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa

O presente trabalho incide sobre a caracterização analítica de um grupo de artefactos em ligas a base de cobre provenientes de um contexto de arrabalde da cidade islâmica de Silves, onde se colocaram a descoberto dois tramos de muralha e uma torre de ângulo, que integravam o seu sistema defensivo e encerravam a poente o seu arrabalde oriental.
O espaço, com uma forte dinâmica urbanística, sofreu várias remodelações ao longo de três séculos de domínio islâmico (2ªmet. do X- 1ªmet. do XIII) tendo oferecido um conjunto muito representativo de estruturas arqueológicas, de tipologias diversas (defensivas, habitacionais, hidráulicas, artesanais, industriais, infraestruturais, etc.) e uma quantidade relevante de objectos, de onde se destaca a colecção de metais composta, na sua maioria, por objectos de uso quotidiano.
O estudo analítico das peças seleccionadas para este contributo foi realizado por fluorescência de raios-X portátil (XRF), permitindo revelar as características químicas das ligas metálicas. Os resultados preliminares apontam pela presença de cobres bastante puros, bronzes (Cu+Sn) e latões (Cu+Zn), com uma ocorrência variável de chumbo e de outros elementos químicos (Fe, Bi, Ni, Sb, As). Os dados apresentados, ainda que preliminares, representam um importante contributo para um melhor conhecimento da tecnologia metalúrgica de época islâmica no al-Andalus.

Palavras-chave: XRF • Metalurgia • Gharb al-Andalus

METALURGIA DE REVESTIMIENTOS Y SISTEMAS DE SUJECIÓN EN EMBARCACIONES DE MADERA Y PROPULSIÓN A VELA. EL CASO DE TRES NAUFRAGIOS LOCALIZADOS EN LA SONDA DE CAMPECHE, MÉXICO

Diana Arano Recio1, Jorge González Sánchez2, Manuel Bethencourt Núñez3, Nicolás C. Ciarlo4, Guadalupe Carrasco González5, Helena Barba Meinecke6

1 – Instituto Nacional de Antropología e Historia, Delegación Campeche, México
2 – Centro de Investigación en Corrosión de Materiales de la Universidad Autónoma de Campeche
3 – Dpto. de Ciencia de los Materiales e Ingeniería Metalúrgica y Química Inorgánica Facultad de Ciencias del Mar y Ambientales Centro Andaluz de Ciencia y Tecnología Marinas (CACYTMAR) Universidad de Cádiz
4 – Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET) – Instituto de Arqueología, Facultad de Filosofía y Letras de la Universidad de Buenos Aires – Grupo de Arqueometalurgia, , Departamento de Ingeniería Mecánica de la UBA
5 – Departamento de Historia Moderna de la Universidad de Cádiz
6 – Subdirección de Arqueología Subacuática Componente Península de Yucatán, Instituto Nacional de Antropología e Historia

Los avances de la tecnología naútica impulsados por la monarquía hispana, confeccionaron un puente de comunicaciones entre continentes para el transporte de objetos, ideas e incluso enfermedades. Durante los siglos XVIII y los albores del XIX, en el escenario internacional se sucedieron acontecimientos políticos, económicos y sociales que desencadenaron conflictos entre las potencias europeas por la lucha de los territorios de ultramar y sus riquezas. En este marco, la construcción naval se orientó a la creación de embarcaciones resistentes para la navegación atlántica y los embates climáticos de las aguas tropicales; en este sentido la protección de los fondos de los barcos del ataque de organismos perforantes de madera tales como el Teredo navalis, también conocido como “broma”, entre otros organizamos, fue fundamental. El forro metálico en los barcos fue una tecnología utilizada de manera heterogénea y su introducción tuvo ciertas implicaciones sobre los elementos de sujeción estructurales utilizados, en particular la introducción de pernería de cobre y aleación de cobre en la obra viva de los barcos. Los estudios desarrollados en metalurgia de la mano de la investigación histórica, han logrado establecer secuencias cronológicas aproximadas. La presente investigación versa sobre los revestimientos metálicos y sistemas de sujeción de tres embarcaciones que naufragaron en la Sonda de Campeche, México, denominados Carrón, Ancla Macuca y El Pesquero. La observación de la microestructura de las aleaciones por medio de microscopía óptica (LM) y electrónica de barrido (SEM), así como el establecimiento de la composición química elemental por medio de espectrometría de rayos X dispersiva en energía (EDS), han permitido analizar las técnicas de fabricación, así como evaluar la época y posible procedencia de los elementos utilizados en los barcos que naufragaron y que son objeto de este estudio.

Palavras-chave: Arqueometalurgia • Tecnología náutica • Naufragios siglo XIX

A FUNDIÇÃO NO MUNDO BAIÕES/SANTA LUZIA: ALGUMAS REFLEXÕES PARTINDO DE UM NOVO MOLDE METÁLICO PARA MACHADOS DE TALÃO UNIFACIAIS

João Carlos Senna-Martinez1, Pedro Valério2, Maria Helena Casimiro2, Luís M. Ferreira2, Maria de Fátima Araújo2, Horácio Peixoto3

1 – Centro de Arqueologia (Uniarq) da universidade de Lisboa
2 – Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa
3 – EAM – Associação Para o Estudo Arqueológico da Bacia do Mondego. Canas de Senhorim

Os progresso efectuados nos últimos vinte anos sobre a metalurgia do Grupo Baiões/Santa Luzia do Bronze Final do Centro de Portugal trouxeram novidades importantes que permitiram conhecer melhor um grupo cultural fundamental para a caracterização do Bronze Final Peninsular. Contudo, o estudo dos moldes de fundição aí identificados carece de síntese interpretativa conveniente.
A descoberta de um novo exemplar de molde metálico para machados de talão unifaciais, um dos tipos caracterizadores do Bronze Final do Centro de Portugal, veio criar a oportunidade para, partindo da sua caracterização arqueometalúrgica, avançar com uma visão de conjunto dos moldes para machados de talão do Bronze Final e respectivos processos de fundição, do Ocidente Peninsular, até ao momento apenas conhecidos na área deste grupo cultural.

Palavras-chave: Moldes de fundição • Grupo Baiões/Santa Luzia • Bronze Final

CARACTERIZAÇÃO DAS ACTIVIDADES METALÚRGICAS NA CASA ATRIBUÍDA A CANTABER (CONIMBRIGA, PROV. LUSITANIA, PORTUGAL)

Virgílio Hipólito Correia1, Pedro Valério2, M. Fátima Araújo2, Rafaela Alves3

1 – Museu Monográfico de Conimbriga, CECH-UC
2 – Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares IST-UL
3 – FLUC

O estudo dos materiais relacionados com as actividades metalúrgicas que se desenrolaram na Casa atribuída a Cantaber, em Conimbriga, já noticiados mas ainda não completamente estudados, permitem agora reconstituir um possível processo de refinação primária de complexos polimetálicos, conhecido por liquação, para obtenção de ouro.
O processo tem referências clássicas (Agatarcides, séc. II a.C.), mas é conhecido sobretudo a partir do “De re metallica” de G. Agrícola (1556). Documenta-se aqui na província romana da Lusitânia, no séc. V. d.C., num contexto datado por materiais arqueológicos e datação radiocarbónica.
Neste trabalho são apresentados os resultados da caracterização elementar por técnicas de micro-análise (microscopia óptica, micro-EDXRF e SEM-EDS) de nódulos metálicos (Au-Ag) depositados num cadinho cerâmico e também de escórias de uma fornalha, os quais permitem reconstituir processos metalúrgicos efectuados na Casa de Cantaber.

Palavras-chave: Metalurgia • Ouro • Romano

ANÁLISE DE MATERIAIS: PIGMENTOS

TÉCNICAS NO INVASIVAS PARA LA CARACTERIZACIÓN DE ILUMINACIONES Y TINTAS DE LA BIBLIA DE GUTENBERG DE LA UNIVERSIDAD DE SEVILLA

Auxiliadora Gómez Morón1,2, Ángel Polvorinos del Río3, María Campoy Naranjo1, Mónica Santos Navarrete1

1 – Instituto Andaluz de Patrimonio Histórico
2 – Universidad Pablo de Olavide
3 – Universidad de Sevilla

La invención de la imprenta supuso una auténtica revolución histórica y cultural, considerándose la Biblia de Gutenberg el paradigma del nacimiento de la impresión moderna. Se estiman alrededor de 48, completas y fragmentadas, las biblias que se conservan en el mundo. En España hay dos: el ejemplar completo de la Biblioteca Pública de Burgos y el de la Universidad de Sevilla incompleto, del que solo se conserva el volumen segundo correspondiente al Nuevo Testamento.
Con ocasión de la intervención de este segundo ejemplar en el Instituto Andaluz del Patrimonio Histórico, se ha llevado a cabo un estudio científico “in situ” de los materiales constituyentes, tanto de las tintas como de las iluminaciones contenidas.
El carácter singular, único y frágil de la Biblia de Gutenberg exigía la aplicación de una metodología de análisis no invasiva sin toma de muestras.
Se ha determinado la composición y naturaleza de las tintas de color negro utilizadas con tipografías de imprenta y de las tintas en color rojo usada en la escritura manual, así como de los pigmentos de las iluminaciones más sencillas y las más elaboradas.
En cada punto de análisis seleccionado se ha determinado la composición química por fluorescencia de RX portátil en las mismas condiciones experimentales; el estudio estadístico de dichos análisis químicos ha permitido evaluar la variabilidad química de las tintas utilizadas. Además se han medido los espectros de reflectancia difusa VIS-SWIR (350-2500nm), en el mismo punto de análisis para complementar la caracterización de las fases utilizadas en los pigmentos de las iluminaciones, demostrándose la utilidad de la aplicación simultánea de ambas técnicas.
Los pigmentos empleados para la realización de la tinta roja y de las iluminaciones se han realizado con bermellón, los azules con azurita, los dorados con oro y los tonos rosas de las iluminaciones incorporan un pigmento orgánico.

Palavras-chave: Biblia de Gutenberg • Análisis no invasivo • Fluorescencia de rayos X portátil

LIMITES Y POSIBILIDADES EN LA APLICACIÓN DE LA-MC-ICP-MS EN LA CARACTERIZACIÓN DE LA COMPOSICIÓN Y FORMACIÓN MICRO-ESTRATIGRÁFICA DE LOS PIGMENTOS LEVANTINOS DEL NÚCLEO VALLTORTA-GASSULLA (CASTELLÓ, ESPAÑA)

François Xavier D’Abzac1, Manuel Henry1, Esther López-Montalvo2

1 – CNRS UMR 5563 GET
2 – CNRS UMR 5608 TRACES

Los procesos tafonómicos en los sistemas al aire libre, como es el caso de las pinturas rupestres levantinas, provocan una fuerte alteración de los soportes decorados, de manera que los pigmentos prehistóricos presentan una micro-estratigrafía compleja cuya naturaleza y formación deben ser correctamente caracterizadas. Precisamente uno de los desafíos a la hora de analizar las muestras de pigmento parietal es tratar de dilucidar qué elementos pertenecen a la capa pictórica de aquellos que se derivan de actividades microbianas, geológicas, medioambientales o antrópicas. Por otro lado, la caracterización de la materia colorante, particularmente de aquellos componentes minerales que permiten una mayor discriminación, y su posible cuantificación es una condición necesaria en nuestro propósito de tratar de identificar los afloramientos naturales de óxidos de hierro explotados durante toda la secuencia levantina.
La aplicación de LA-MC-ICP-MS en el análisis de pigmento parietal sigue siendo una vía poco explorada en el ámbito levantino. Dado su carácter micro-destructivo, presentamos los primeros ensayos realizados sobre pigmentos elaborados de manera experimental. Nuestro objetivo es evaluar los límites y posibilidades que ofrece esta técnica de análisis en su caracterización y en la comprensión de su micro-estratigrafía. Para ello reproducimos de manera controlada la composición, elaboración, aplicación y posterior degradación de pigmentos minerales, tomando siempre como referente los datos que manejamos hasta el momento sobre las pinturas levantinas del entorno Valltorta-Gassulla.
Junto aspectos puramente analíticos, se valoran aspectos patrimoniales que nos permitan delimitar el grado de destrucción o alteración de pigmento y soporte decorado tras la aplicación de la ablación láser.

Palavras-chave: Arte rupestre Levantino • Pigmentos • LA-MC-ICP-MS

O VERDE ESMERALDA NOS ESTUQUES ARTÍSTICOS DO SALÃO ÁRABE DO PALÁCIO DA BOLSA, PORTO

Patrícia  Carvalho1, Fernando Rocha1, João Coroado2

1 – Geobiotec, Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro
2 – Technology, Restoration and Arts Enhancement Center (Techn&Art), Instituto Politécnico de Tomar

O conhecimento sobre a utilização dos pigmentos aplicados na arte decorativa, especialmente sobre o estuque em Portugal, é escasso comparando com a importância e expressão que esta arte tem no nosso país.
O Salão Árabe do Palácio da Bolsa, no Porto, é um dos grandes exemplos da aplicação dos estuque policromado do século XIX. Este Salão de 135 m2, projetado pelo Engenheiro Gustavo Adolfo Gonçalves e Sousa e construído entre 1862 e 1880, é ricamente decorado com diferentes materiais, desde vitrais, madeiras, metais e com um maior destaque os trabalhos em estuque. Os seus estuques policromados e dourados, em estilo neo-mourisco, com motivos vegetalistas, geométricos e inscrições cúficas com evocações à Rainha D. Maria II, reveste o teto, as paredes e os arcos do Salão. Construído por vários artífices, tendo os estuques sido feitos por Luís Pinto Meira da afamada família de estucadores de Afife, Viana do Castelo e pintados por Amândio Marques Pinto.
O presente estudo reflete sobre os resultados obtidos por PLM, SEM-EDS e DRX de duas amostras da original coloração verde de um dos trinta e dois elementos decorativos existentes no teto central do Salão Árabe, recolhidas antes da intervenção de conservação e restauro de 2009-10. Nestas amostras foi confirmada a utilização do pigmento sintéctico Verde Esmeralda, também conhecido como Verde de Paris ou Verde de Schweinfurt (Acetoarsenito de cobre – 3CuO.As2O3.Cu[OOC.CH3]), reconhecido pela sua elevada toxicidade e tendo a sua utilização sido descontinuada em meados do século XX.

Palavras-chave: Verde Esmeralda • Pigmento • Estuque

TESTING PORTABLE SPECTROMETRY EQUIPMENT. PIGMENTS AND BINDERS

Rubén Parrilla-Giráldez1, Simona Scrivano1

1 – CITIUS, Universidad de Sevilla

The Technological Research and Innovation Center of the University of Seville (CITIUS) has several portable spectroscopy equipment for in situ analysis. These include Raman, NIR, VIS, LIBS and XRF spectrometers. In this experimental study we verify its effectiveness in the spectral study of different mineral pigments mixed with organic binders.

Palavras-chave: Portable spectroscopy • Pigments • Binders

ANÁLISE DE MATERIAIS: CERÂMICA

ÂNFORAS FENÍCIO-PÚNICAS DE CASTRO MARIM, PORTUGAL: ORIGEM E CONTEÚDOS DOS TIPOS B/C E D DE PELLICER

Adam Gašpar1,2, Ana Arruda3, Cristina Dias1, José Mirão1, Elisa Sousa3, Ana Manhita1

1 – Hercules Laboratory, University of Evora
2 – Department of Archaeology and Museology, Faculty of Arts, Masaryk University
3 – UNIARQ – Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa

O sítio arqueológico de Castelo de Castro Marim fica na parte mais elevada da Vila com o mesmo nome na costa sul de Portugal, perto da fronteira com Espanha. O local está situado no topo de uma colina 30 metros acima do nível do mar erguido numa área pantanosa entre a costa sudeste do Algarve e a foz do rio Guadiana. Várias campanhas de escavações arqueológicas revelaram ocupação durante a Idade do Ferro, período romano e Idade Média (Bargão, Arruda 2014). O objetivo do estudo é avaliar a presença de dois tipos específicos de ânforas pré-romanas no sítio de Castro Marim em termos de proveniência e conteúdo. A produção e distribuição de ânforas Pellicer tipo B / C e D podem ser datadas do 5° ao 3° séculos a.C e estão relacionadas com a ocupação fenício-púnica da baía de Cadis e do vale do Baixo Guadalquivir (Sáez Romero, Niveau de Villedary 2016). A análise petrográfica do material cerâmico com base na abordagem multi-analítica (principalmente XRD, XRF, petrografia e SEM-EDS) será focada em identificar as diferentes proveniências de amostras selecionadas de ânforas. Em casos relevantes, os resíduos extraídos dos materiais cerâmicos são estudados recorrendo a GC-MS para identificar o bem armazenado nas ânforas. Este trabalho discute a origem das ânforas analisadas e contextualiza-as no meio de produção e comércio de alimentos.

Palavras-chave: Ânforas Pellicer tipo B/C e D • Proveniência • Conteúdo

ESTUDIO PRELIMINAR DE LA CERÁMICA DEL NOROESTE PENINSULAR: EL CASO DE SANTA LUCIA DE TORRENTEJO (ÁLAVA, PAÍS VASCO)

Edurne Aguirrezabala-Lizarazu1, Josefina Pérez-Arantegui2, Juan Antonio Quirós Castillo1

1 – UPV/EHU
2 – Universidad de Zaragoza

En los últimos años, el estudio de la cerámica medieval de la Península Ibérica noroccidental ha experimentado un interés floreciente que ha dado lugar a nuevos datos esclarecedores, planteando nuevos retos y problemas. Este trabajo pretende aportar nuevos datos preliminares para los siglos VIII-XVI para el territorio de Álava, con especial énfasis en el emplazamiento de Santa Lucía de Torrentejo, en el pueblo de Labastida (Álava, País Vasco, España). En este ámbito, uno de los principales objetivos de esta investigación será definir los patrones de presencia, cronología y consumo, no sólo para Álava, sino también para la región del Alto Valle del Ebro (España). La metodología está orientada a identificar diferentes grupos de producción, conocer las características de producción e intentar delimitar el origen, utilizando el estudio tecno-tipológico y la observación microscópica de los materiales correspondientes al contexto estratigráfico del emplazamiento de Torrentejo. Finalmente, la información será comparada con otros registros en el área de la misma cronología para ver si hay algún patrón similar, y para establecer conexiones a escalas más grandes. Esta investigación espera resultados preliminares especialmente para los tipos cerámicos con difusión regional, como se muestra en los únicos estudios iniciales sobre cerámica grosera, depurada, vidriada y esmaltada, que se presentarán en este congreso. Finalmente, la difusión y la cronología se situarán dentro de las coordenadas espacio-tiempo definidas, para obtener datos para la reconstrucción de la historia económica y social, que permitirá proporcionar nuevos enfoques a la sociedad y la presente investigación.

Palavras-chave: Cerámica • Producción • Historia social

UMA ABORDAGEM ARQUEOMÉTRICA ÀS PRODUÇÕES DA OLARIA ROMANA DA GARROCHEIRA (BENAVENTE)

Maria Isabel Dias1, Maria Isabel Prudêncio1, Clementino Amaro2, Cristina Gonçalves3

1 – Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares – C2TN. DECN, Instituto Superior Técnico, Campus Tecnológico e Nuclear (CTN). Polo de Loures
2 – Associação Intergeracional Olisipo Forum
3 – Câmara Municipal de Benavente

Na olaria romana da Garrocheira predomina a produção da ânfora Dressel 14, embora mais recentemente outras tipologias possam também ser associadas a esta olaria, como a Lusitana 3, a Almagro 51c e a Dressel 14 tardia.
A caracterização química das pastas foi feita recorrendo ao método instrumental de análise por activação com neutrões (INAA) com vista ao estabelecimento de indicadores geoquímicos característicos destas produções, tendo em vista estudos de circulação e proveniência. Com particular destaque para o estudo comparativo com centros produtores de preparados de peixe.
Usando o teor dos elementos químicos, começou por caracterizar-se o centro produtor da Garrocheira, que se relaciona com matérias-primas locais com altos teores de Na, Cr e Co e baixos de REE, Ta, Th, Rb e Cs. Realizou-se também um estudo comparativo entre a composição química das ânforas exumadas na Casa do Governador da Torre de Belém (estuário do Tejo), um reconhecido centro produtor de preparados de peixe, e as oriundas de várias olarias romanas da Lusitania, incluindo a Garrocheira. O estudo comparativo dos resultados obtidos, permitiu associar a proveniência de exemplares de Dressel 14 e de Almagro 51c ao centro oleiro da Garrocheira. Por sua vez, o estudo arqueométrico das ânforas lusitanas exumadas no Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros, um outro centro produtor de preparado de peixe, veio revelar a presença de exemplares composicionalmente semelhantes aos da Garrocheira, como as ânforas Almagro 51c e Lusitana 3.
A análise tipológica e arqueométrica das produções da olaria da Garrocheira cruzada com a caracterização dos centros oleiros lusitanos e de centros produtores de preparados de peixe, existente na base de dados da equipa do CTN, permitiu conhecer a proveniência de muitos destes contentores, e traçar o quadro económico regional em que se insere a Garrocheira em relação a Olisipo.

Palavras-chave: Centro oleiro da Garrocheira • Centro de preparados de peixe • Estuário do Tejo • Composição química

ESTUDO ANALÍTICO DE UM CONJUNTO DE CERÂMICAS DE REFLEXO METÁLICO DE ÉPOCA ISLÂMICA (SÉCS. XI-XIII D.C.), PROCEDENTES DE MÉRTOLA (PORTUGAL MERIDIONAL)

Massimo Beltrame1,2, José Mirão1, Susana Gomez Martinez3

1 – Laboratório Hercules
2 – Universidade de Évora
3 – Campo Arqueológico de Mértola

O maior conjunto de cerâmica dourada da época Islâmica do Gharb al-Andalus, conhecida até ao momento em território português, foi encontrado em Mértola (Goméz 2014). Trata-se de um conjunto datado entre a segunda metade do século XI e os primeiros decénios do século XIII.
Os fragmentos, do ponto de vista tipológico, são bastante diversificados e pertencem a tigelas de cerâmica dourada produzidas na época da dinastia abadita de Sevilha (segunda metade do século XI) e vários outros tipos da época almóada (séculos XII-XIII) entre os quais se destacam jarros, jarras, jarrinhas, taças e tigelas de loiça.
Deste conjunto, aproximadamente a metade dos fragmentos, possui uma decoração dourada de tonalidades avermelhadas, com brilho muito marcado, aplicada na maior parte dos casos, sobre formas fechadas. Nos restantes identifica-se um dourado mais amarelado, mais frequente nas formas abertas embora também ocorre em formas fechadas. Em todos os casos, a decoração dourada é bastante frágil o que tem levado ao seu desaparecimento em várias peças, onde só são visíveis pequenos vestígios.
Com o presente trabalho pretende-se reconstruir a tecnologia utilizada no fabrico das cerâmicas douradas procedentes de Mértola. Para o efeito adotou-se uma abordagem multi-analítica, utilizando um espectrómetro de fluorescência de raios-x portátil (FRX) e conventional (XRF), um microscópio eletrónico de varrimento acoplado a um detetor de energia dispersiva de raios-x (SEM-EDS), um difratometro de raios X (XRD) e um microscópio petrográfico. Os dados analíticos são apresentados e discutidos no contexto regional e Ibérico.

Palavras-chave: Reflexo Metálico • Mértola • Garb Al-Andaluz

ESTUDO ARQUEOMETRÍCO DAS TELHAS, TIJOLOS E CONTENTORES CERÂMICOS DA DOMUS DEI DOLIA (VETULONIA, TOSCANA, ITALIA)

Massimo Beltrame1, Ginevra Coradeschi1, Simona Rafanelli2, Cristina Dias1, José Mirão1

1 – Laboratório HERCULES
2 – Museo Etrusco Isidoro Falchi, Vetulonia

As ruínas da Domus dei Dolia permaneceram ocultas até 2009. A Domus está localizada no bairro helenístico da cidade velha de Vetulonia, agora Poggio Renzetti. Baseando-se na classificação dos materiais arqueológicos recolhidos a Domus foi incendiada aproximadamente no primeiro século a.C. A destruição ocorreu provavelmente durante a guerra civil romana devida às represálias feitas por Lucio Cornelio Silla, contra as cidades Etruscas.
Em colaboração com o Museu Isidoro Falchi de Vetulónia e a Câmara Municipal de Castiglione della Pescaia foram amostrados diferentes materiais incluindo tijolos, telhas e também vários fragmentos de contentores cerâmicos (dolia). O objetivo deste estudo consiste na caracterização dos materiais cerâmicos com o intuito de compreender a tecnologia de produção e a proveniência da matéria prima utilizada. Pequenas amostras foram analisadas por microscopia ótica, XRD, SEM-EDS, e por XRF.
A análise dos repertos arqueológicos evidenciaram a utilização de uma matéria prima de origem local composta essencialmente por quartzo, feldspato de potássio, muscovita e fragmentos de arenito e de uma outra, não estritamente local, caracterizada pela presença de anfibólas, piroxenas, plagioclásios cálcico, fragmentos de gabbro, vidro vulcânico e de rocha basáltica. Esta última fica localizada a 15 km do sítio arqueológico. Os tijolos foram preparados usando matéria prima local semelhante à de algumas telhas.

Palavras-chave: Domus Estrusca • Cerâmica • Arqueometria

CARACTERIZAÇÃO ARQUEOMÉTRICA DE CERÂMICAS FUNERÁRIAS: O CASO DO TÚMULO MEGALÍTICO DE SANTA RITA (VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO, PORTUGAL)

Nuno Inácio1,2, Francisco Nocete2, Moisés Bayona2

1 – UNIARQ – Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa
2 – Universidad de Huelva (HUM-610)

A cerâmica documentada em contextos funerários tem recibido muito pouca atenção por parte da investigação arqueológica. Será que estes recipientes foram manufacturados seguindo os mesmos processos tecnológicos utilizados nas cerâmicas identificadas em contexto de habitat? Para responder a esta e a outras perguntas foram analisadas as cerâmicas identificados no decurso da escavação arqueológica do túmulo megalítico de Santa Rita (III Milénio A.N.E.), através de técnicas microscópicas (análise de lâmina delgada em microcópio polarizador), químicas (fluorescência de raios X) e mineralógicas (difração de raio X). Os resultados obtidos e a sua comparação com cerâmicas identificadas em contextos domésticos situados na mesma região, permitem reconstruir os processos de manufactura destes recipientes e indagar sobre se as soluções tecnológicas foram intencionais ou aleatórias.

Palavras-chave: Megalitismo • Tecnologia

LA CERÁMICA YCHSMA. UN ESTUDIO DE LAS TÉCNICAS DE PRODUCCIÓN DURANTE EL YCHSMA MEDIO Y EL YCHSMA TARDÍO EN EL SITIO DE ARMATAMBO (1200 A. D. – 1530 A. D.) LIMA – PERÚ

Dante Pareja1Javier Iñañez 2Remy Chapoulie 3, Luisa Dias4

1 – Université Bordeaux Montaigne
2 – Ramón y Cajal Researcher, GPAC, C. I. Micaela Portilla, Universidad del País Vasco (UPV/EHU)
3 – IRAMAT-CRP2A, UMR 5060 CNRS, Université Bordeaux Montaigne
4 – Grupo de Investigación Sociedades Prehispanicas del Litoral–Yungas, Escuela de Arqueología, Universidad Nacional Mayor de San Marcos

La sociedad Ychsma ocupó la zona baja y media de los valles del río Rímac y del río Lurín, actual departamento de Lima, entre el 900 A. D. al 1530 A. D. Esta sociedad se organizó en señoríos que tenían centros administrativos que controlaban diferentes áreas de los valles. Uno de estos centros fue el sitio arqueológico de Armatambo, en la actual ciudad de Lima. Este sitio fue excavado por investigadores de la Universidad Nacional Mayor de San Marcos, permitiendo identificar diferentes evidencias de producción de cerámica.
Nuestro trabajo se orienta al estudio de las tradiciones técnicas empleada por los artesanos ceramistas Ychsma en el sitio de Armatambo durante las fases del Ychsma Medio (1250 – 1350 A. D.) y el Ychsma Tardío (1350 – 1530 A. D.). Con este fin, contamos con un corpus cerámico compuesto por diferentes formas de vasijas, como ollas jarras y tinajas.
A través del estudio de las macrotrazas y las huellas dejadas por los artesanos durante el proceso de producción, hemos iniciado los trabajos para determinar las tradiciones técnicas de los artesanos Ychsma. Para esto, hemos realizado las observaciones a través de microscopios ópticos, catodoluminisencia y de petrografía. Adicionalmente, hemos realizado los análisis de caracterización de las pastas con la finalidad de identificar los posibles cambios en los sistemas de aprovisionamiento de la materias primas. Para ello, hemos definido un protocolo de análisis de las pastas a través de MEB-EDS y del DRX. En efecto, los análisis arqueométricos nos han permitido complementar nuestro trabajo, determinando el uso de la técnica de colombín en el proceso de fabricación de las vasijas, temperaturas estimadas de cocción y desempeño de las distintas tipologías cerámicas.

Palavras-chave: Ychsma • Tecnología cerâmica • Perú

THE CHALCOLITHIC CERAMICS FROM VILA NOVA DE SÃO PEDRO (LISBON REGION, PORTUGAL): TEXTURAL AND CHEMICAL ANALYSES AS A FIRST APPROACH

Rute Correia Chaves1, António Monge Soares2

1 – Faculdade de Ciências e Tecnologia, UNL
2 – Center for Nuclear Sciences and Technologies, IST

The archaeological site of Vila Nova de São Pedro (VNSP), Azambuja, Lisbon region, is a Chalcolithic fortified settlement extensively excavated in the middle of the last century, being one of the best known settlements with this chronology in the Iberian Peninsula. Early Chalcolithic pottery, in the Lisbon region, is characterized by cylindrical cups with polished corrugated outer surface, while the Full Chalcolithic pottery by the so-called acacia leaf decoration, and the Late Chalcolithic by Beaker pottery. The objective of this work is the analysis and characterization of the Chalcolithic ceramics in order to expand our knowledge of prehistoric ceramic and production techniques in use in the Lisbon region. In a first approach, three sets of ceramic samples collected at VNSP (26 samples of cups with corrugated outer surface, 22 samples with acacia leaf decoration, and 26 samples from Beaker vessels) were analysed.
Textural analysis was undertaken using optical microscopy of cross sections to characterize paste and inclusions, while chemical characterization was undertaken using μ-EDXRF in powder pellets. The elements Si, Al, Fe, Ca, K and Ti were identified and quantified as major elements, and Mn, Ce, Sr, Zn, Cr, Rb, Co and Th, as minor elements. Multivariate analysis of the chemical composition data suggests the use of three sources of raw material, two of them used for Early Chalcolithic ceramics, being one of these two also used for the following acacia leaf ceramics, while a third source of raw material would be essentially used for the production of Beaker ceramics. The textural analysis shows that the production techniques may have remained similar throughout the centuries, although with a slight evolution in certain aspects, in particular with regard to the type and amount of temper used.

Palavras-chave: Optical Microscopy • μ-EDXRF • Multivariate analysis

ANÁLISE E PROVENIÊNCIA DE MATÉRIAS-PRIMAS

NUEVOS DATOS SOBRE SPOLIA EN MÁRMOL DE LA BARCELONA MEDIEVAL: ESTUDIO DE PROCEDENCIA DE LA PILA BAUTISMAL DE LA CATEDRA ROMÁNICA

Anna Gutiérrez Garcia-M.1, Pilar Lapuente Mercadal2, Roberta Di Febo1

1 – Institut Català d’Arqueologia Clàssica – ICAC
2 – Universidad de Zaragoza

Spolia – piezas reutilizadas y a veces incluso talladas de nuevo- en mármol son elementos extremadamente complejos de edificios medievales debido a los múltiples aspectos detrás de su empleo, que pueden ir desde la mera falta de materia prima debido al cierre muchas canteras de mármol en la tardoantigüedad hasta corrientes estéticas o incluso implicaciones simbólicas atribuidas al empleo de spolia o incluso del mismo mármol. En efecto, la búsqueda de piezas marmóreas romanas se convirtió en una manera de obtener esta materia prima, llegando a ser transportadas a veces incluso a larga distancia pese a dificultades logísticas y técnicas.
Partiendo, pues, de estas premisas, se aborda el estudio de la excepcional pila bautismal cuadrilobular hecha en mármol, vestigio de la catedral románica de Barcelona que existió en el mismo emplazamiento que el actual templo gótico. Algunos elementos decorativos conservados en la parte inferior lateral de esta gran pila demuestran que la pila es el segundo empleo de una cornisa de época romana. En este caso, se ha aplicado la misma metodología utilizada habitualmente para establecer la procedencia de mármoles romanos, es decir, un protocolo multimétodo y jerarquizado que incluye microscopía óptica, catodoluminiscencia y análisis de los isótopos estables de C y O, además de una evaluación exhaustiva de los rasgos macroscópicos del mármol.
Los resultados muestran que, a diferencia de lo propuesto antes de este primer estudio arqueométrico (Ainaud 1964: 358; Rodà et al. 1987: 541), no se trata de mármol de Carrara (Italia) sino de un mármol griego. Esto es extremadamente interesante por lo que aporta al debate si esta cornisa romana vendría o no de las ciudades romanas más próximas, especialmente dada la falta de evidencias de edificios de dimensiones suficientemente grandes para albergar esta cornisa ni en Barcino (actual Barcelona) ni en Tarraco (actual Tarragona) (Beltrán de Heredia & Rodà, en prensa).

Palavras-chave: Marble • Multimethod analysis • Spolia

CARACTERIZACIÓN DE MORTEROS ASOCIADOS CON EL SISTEMA HIDRÁULICO DE LA VILLA ROMANA HORTA DA TORRE (FRONTEIRA, PORTUGAL)

Dulce Valdez1, Patrícia Moita1,2, Cristina Galacho1,3, André Carneiro4

1 – Laboratório HERCULES, Universidade de Évora
2 – Departamento de Geociências, Escola de Ciências e Tecnologia, Universidade de Évora
3 – Departamento de Química, Escola de Ciências e Tecnologia, Universidade de Évora
4 – CHAIA-UÉ, CECH-FLUC, Departamento de História, Universidade de Évora

El objetivo principal de este proyecto es la caracterización de morteros con propiedades hidráulicas utilizados en las instalaciones de almacenamiento de agua, la comprensión de sus técnicas de producción y la posible fuente de sus materias primas en el contexto histórico de la villa romana “Horta da Torre”, ubicada en el municipio de Fronteira, Portugal.
Para lograrlo, será necesario el uso de una metodología multianalítica para determinar su composición mineralógica cualitativa y semi-cuantitativa, así como la caracterización de su morfología y composición elemental, siendo estos soportados por el uso de Microscopía Óptica (MO; OM), Microscopio Electrónico de Barrido-Espectrometría de Energía de Dispersión (MEB-EED; SEM-EDS), Difracción de Rayos X (DRX; XRD), Termogravimetría (TR; TGA-DTA), Ataque con ácido clorhídrico y caracterización granulométrica.
Diez muestras fueron extraídas de las principales estructuras en contacto con agua, incluyendo un doble ábside, dos espejos de agua, tres tanques y un canal. Inspecciones visuales muestran que las capas en contacto directo con agua contienen una mayor proporción de agregados cerámicos, lo cual corresponde a un opus signinum, de acuerdo con la receta de Vitruvio para la construcción de estructuras hidráulicas.
Estudios preliminares con la antes mencionada MO en láminas delgadas, fueron realizados para obtener una primera caracterización de dichos morteros. Observaciones con microscopio muestran, además de fragmentos cerámicos, la clara presencia de granos de cuarzo, biotita, muscovita, anfíbol, plagioclasa, microclina y algunos terrones de cal. Estas observaciones fueron confirmadas por medio de DRX llevada a cabo en polvo (en fracción fina y de bulto), la cual ha mostrado la presencia de cuarzo y calcita en mayores proporciones, seguidos por algunos feldespatos alcalinos (albita, ortoclasa, microclina), hematites y micas. Sin embargo, análisis adicionales deberán ser realizados. Resultados preliminares sugieren una similitud en las capas de mortero en contacto con agua.

Palavras-chave: Morteros hidráulicos • Caracterización • Villa romana

CASSITERITES DO NO IBÉRICO: UMA ANÁLISE PRELIMINAR POR FRX DE MINÉRIOS USADOS PARA PRODUZIR ESTANHO

Elin Figueiredo1, Manuel Pereira2, António Mauricio2, Beatriz Comendador Rey3, Filipa Dias4, Alexandre Lima4, José Mirão5

1 – Cenimat/i3N, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade NOVA de Lisboa
2 – CERENA, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa
3 – GEAAT, Facultade de Historia, Universidade de Vigo
4 – ICT, Faculdade de Ciências, Universidade do Porto
5 – Hercules Lab, Universidade de Évora

A cassiterite (SnO2) é o principal mineral de estanho existente na natureza. O Noroeste Peninsular tem recursos abundantes neste mineral quando comparado com outras regiões Europeias.
A cassiterite terá sido valorizada desde a Idade do Bronze (cerca do segundo milénio a.C.), com o início do fabrico e uso de bronze, uma liga de cobre e estanho. A sua exploração no Noroeste Peninsular é conhecida desde tempos antigos, pelo menos desde os períodos Proto-histórico e Romano.
No presente estudo efetua-se o rastreio de cassiterites do NO Peninsular, com recurso a análises elementares por FRX, de amostras provenientes de coleções históricas e de recolhas recentes em campo.
Tendo em conta a existência de elementos como o Nb, Ta, Ti, W, Fe ou outros, que podem existir em minerais associados, inclusões ou por substituição na própria rede cristalina das cassiterites, pretende-se obter uma primeira aproximação da variabilidade da composição de amostras para o território do NO Peninsular. A contextualização geológica e histórica de recolha é também apresentada sempre que possível.
O presente estudo insere-se no projeto IberianTin (PTDC/HAR-ARQ/32290/2017), que tem como objetivo contribuir para a caracterização da produção antiga de estanho no Noroeste Ibérico.

Palavras-chave: Cassiterite • Composição elementar • Noroeste Ibérico

VIDRO MILLEFIORI DOS SÉCULOS XVI E XVII ENCONTRADO EM PORTUGAL: RESULTADOS PRELIMINARES

Francisca Pulido Valente1,2, Inês Coutinho1,2, Teresa Medici2, Bernard Gratuze3, Luís C. Alves4, Rosa Varela Gomes5, Mário Varela Gomes5, Márcia Vilarigues1,2     

1 – Departamento de Conservação e Restauro, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa
2 – Unidade de Investigação VICARTE – “Vidro e Cerâmica para as Artes”
3 – IRAMAT-CEB, CNRS/Univ. Orléans
4 – C2TN, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa
5 – Departamento de História, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa

Os vidros millefiori (termo italiano que significa mil flores), são característicos por serem decorados com finas fatias de canas de vidro que, geralmente, têm uma decoração concêntrica visível em secção transversal. Embora sejam considerados artefactos muito raros, estes vidros são dos mais emblemáticos da produção Veneziana do Renascimento.
Além dos exemplares conservados em museus, o nosso trabalho de investigação tem permitido localizar, até hoje, 390 fragmentos arqueológicos, dispersos por 33 contextos espalhados maioritariamente por países Europeus (12 países Europeus e 1 país da Ásia Ocidental). Até à data, Portugal é o país com o maior número de fragmentos arqueológicos de vidro millefiori contabilizados (194), os quais estão a ser estudados.
Para o estudo morfológico destes artefactos foram utilizadas técnicas de estereoscopia e microscopia óptica. A caracterização química dos diferentes vidros foi obtida com o auxílio de mapas elementares obtidos por micro emissão de raios X induzida por protões (µ-PIXE), os quais permitiram a visualização da distribuição dos elementos pelas diferentes camadas de vidro; e com a técnica de espectrometria de massa por plasma acoplado indutivamente com ablação por laser (LA-ICP-MS), para quantificar os elementos maioritários, minoritários, traço e terras raras. A espectroscopia de micro Raman foi utilizada para estudar os opacificantes e a espectroscopia de reflectância UV-Visível para determinar os grupos cromóforos presentes no vidro.
Até agora os resultados revelaram que a maioria dos fragmentos de vidro não têm uma composição química compatível com o vidro que era produzido em Veneza ou noutros centros de produção conhecidos, abrindo a hipótese de poderem ter uma origem local (Nacional).

Palavras-chave: Vidro Português • Millefiori • Renascimento

MATÉRIAS PRIMAS E TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE CERÂMICAS DE USO FUNERÁRIO E NÃO FUNERÁRIO DE CONTEXTOS NEOLÍTICOS E CALCOLÍTICOS DOS PERDIGÕES, ALENTEJO (PORTUGAL)

M. Isabel Dias1,2, M. Isabel Prudêncio1,2, A. C. Valera3,4

1 – Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares – C2TN
2 – DECN, Instituto Superior Técnico, Campus Tecnológico e Nuclear, Polo de Loures
3 – Era Arqueologia SA. Núcleo de Investigação Arqueológica – NIA
4 – Interdisciplinary Center for Archaeology and Evolution of Human Behavior (ICArHEB)

Neste trabalho apresenta-se a caracterização mineralógica e química de materiais argilosos da bacia do médio Guadiana e de cerâmicas de uso funerário e não funerário de contextos Neolíticos e Calcolíticos dos Perdigões, Alentejo (Portugal), tendo em vista a definição de estratégias de exploração de matérias-primas e de tecnologias de produção, a uma escala espacial (sincrónica) e temporal (diacrónica).
A composição química de cerâmicas e argilas foi obtida pelo método instrumental de análise por activação neutrónica, e a composição mineralógica por difracção de raios-X, incluindo a fracção <2 µm. Realizaram-se ainda experiências de aquecimentos a temperaturas crescentes de 600ºC, 800ºC e 1000ºC. Amostrou-se material argiloso derivado da alteração dos quartzodioritos, dioritos e gabros associados, xistos com metabasitos, vulcanitos, xistos, doleritos (filoneanos), bem como argilas dos depósitos Terciários. É nítida a diferenciação dos materiais argilosos, existindo por um lado materiais mais ácidos, associados aos xistos e mais básicos aos quartzodioritos, dioritos e gabros associados e xistos com metabasitos. As amostras do Paleogénico, mais carbonatadas, apresentam teores mais baixos de Fe, Sc, Cr, Co e TR. Do ponto de vista mineralógico, nos materiais mais básicos a presença de anfíbolas e esmectites é mais pronunciada.
Os resultados evidenciam uma produção local de cerâmicas neolíticas e calcolíticas nos Perdigões, estabelecendo casos de correlação significativa com materiais argilosos específicos, juntamente com a não correlação entre cerâmicas e matérias-primas locais, especialmente no caso de recipientes para fins funerários, com o uso de xistos alterados, distantes dos Perdigões, e também matérias-primas exógenas. As fases minerais identificadas apontam para temperaturas de cozedura baixas ~ 600ºC. Ocorreu ao longo do tempo um recurso consistente ao mesmo tipo de matérias primas locais, exceptuando alguns recipientes funerários.
Estes resultados confirmam conclusões prévias sobre a organização do sítio e sustentam a hipótese do uso da necrópole de Perdigões por comunidades distantes.

Palavras-chave: Cerâmicas do Neolítico-Calcolítico • Perdigões • Caracterização mineralógica e química

PRODUÇÕES DE ÂNFORAS LUSITANAS NO ALGARVE: UMA REVISÃO SOBRA A IDENTIFICAÇÃO DE MATÉRIAS PRIMAS E TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO

M. Isabel Dias1, M. Isabel Prudêncio1,2

1 – Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares – C2TN
2 – DECN, Instituto Superior Técnico, Campus Tecnológico e Nuclear, Polo de Loures

A composição química e mineralógica de Ânforas Lusitanas e argilas do Algarve foi obtida respectivamente pelo método instrumental de análise por activação neutrónica e por difração de raios X, visando identificar matérias primas e tecnologias de produção nos centros produtores do Martinhal (MAR), Quinta do lago (QLA), Manta Rota (MR) e S. Bartolomeu de Castro Marim (SBCM).
Os resultados obtidos permitiram caracterizar e efectuar diferenciações intra e inter sítios e atribuir-lhes indicadores geoquímicos específicos e característicos. Na generalidade as cerâmicas da MR são enriquecidas em Na, Fe, Co, Rb, Zr, HREE, Hf, Ta, Th, empobrecidas em Zn e U, e relacionadas com unidades detríticas não carbonatadas do Cretácico Inferior e Quaternário. As de SBCM, relacionam-se com argilas não carbonatadas do Carbonífero, são empobrecidas em K, Fe, Cr, Co, As, REE e enriquecidas em Sb, Hf, Ta, Th, U, e as A51C e cerâmica comum são enriquecidas em Na, Zn, Sb, REE, Hf, Ta, Th, U e empobrecidas em Fe, Cr, Co, As, Rb. As produções da QL são empobrecidas em Zn, Sb, Zr, Ba, LREE, MREE, enriquecidas em Fe, Cr, As, Rb, Cs, (HREE), U e relacionadas com argilas do Jurássico Superior/sedimentos Hetangiano, englobando argilas, pelitos vermelhos, dolomites e evaporitos. As produções do MAR são empobrecidas em Na, Sb,Ce, Yb, Lu, Hf, Ta, Th, U e enriquecidas em K, Fe, Cr, Co, As e relacionadas com unidades carbonatadas dos calcários e margas do Jurássico Médio e Superior (ricas em calcite). Os resultados mineralógicos apontam para temperaturas de cozedura ~ 900ºC.
Uma vez estabelecido um quadro de referência para cada centro produtor, os aspectos significativos relacionados com a produção romana de cerâmica e com a economia regional e imperial (em termos de produção, distribuição e consumo) tornaram-se mais claros.

Palavras-chave: Ânforas Lusitanas do Algarve • Matérias-primas e tecnologias de produção • Indicadores geoquímicos e mineralógicos

TECNOLOGIA CERÂMICA DURANTE A IDADE DO BRONZE NO SUL DE PORTUGAL: ESTUDO PETROGRÁFICO DE CERÂMICAS DO SÍTIO DA HORTA DO CABRAL 6 (TORRÃO, ALCÁCER DO SAL)

Nuno Inácio1, Marco António Andrade1

1 – UNIARQ – Centro de Arqueologia da universidade de Lisboa

Os modos de fazer cerâmica durante a Idade do Bronze no Sul de Portugal é um tema ainda muito pouco abordado por parte da investigação arqueológica. Neste sentido, as características do conjunto cerâmico identificado no sítio da Horta do Cabral 6 (Torrão, Alcácer do Sal), um contexto de natureza doméstica com uma datação por radiocarbono que situa a sua ocupação na transição do segundo para o primeiro milénio A.N.E., ofereciam a possibilidade de abrir uma nova linha de investigação, focando agora a atenção nos aspectos tecnológicos das diversas etapas do processo de manufactura destas cerâmicas. Para este fim, foi adoptada uma abordagem metodológica baseada na análise petrográfica de um grupo significativo de amostras, incluindo recipientes de uso doméstico, pesos de tear e restos de adobe. As implicações sociais e culturais dos diferentes procedimentos tecnológicos adoptados durante a manufactura destes elementos serão objecto de discussão na apresentação deste poster.

Palavras-chave: Paisagem • Matérias-primas • Modos de Fazer

SISTEMA DE APROVISIONAMENTO DE MATÉRIAS-PRIMAS LÍTICAS DO ABRIGO 1 DE VALE DE CERDEIRA (NO PORTUGAL): UMA PRIMEIRA APROXIMAÇÃO

Pedro Xavier1, José Meireles1, Carlos Alves2

1 – Lab2PT – Laboratório de Paisagens, Património e Território
2 – LandS/Lab2PT – Laboratório de Paisagens, Património e Território e Departamento de Ciências da Terra/Escola de Ciência, Universidade do Minho

Encontra-se em desenvolvimento, desde 2017, um projecto de doutoramento que tem como objectivo a implementação de um estudo de economia e gestão de matérias-primas líticas, aplicado a duas estações arqueológicas pré-históricas do Norte de Portugal. Uma das jazidas em estudo corresponde ao Abrigo 1 de Vale de Cerdeira (Serra da Cabreira, Vieira do Minho, Braga), identificado em finais do século passado.
Os trabalhos desenvolvidos, entre os quais, a obtenção através de duas amostras de carvão vegetal de duas datações por C-14, bem como, uma primeira análise da extensa componente artefactual (cerca de 30 mil peças), situam a ocupação do abrigo entre o Mesolítico Final e o Neolítico Antigo.
O estudo que nos encontramos a desenvolver procura conciliar o estudo tecnológico da indústria lítica com a análise de proveniências de matérias-primas líticas. Nesse sentido, tem sido empreendido um conjunto de actividades, entre as quais se destacam a realização de prospecções direccionadas para o reconhecimento de corpos geológicos e de análises laboratoriais, essencialmente de cariz não-destrutivo, aplicadas tanto sobre amostras geológicas como em material arqueológico.
Com base no exposto, apresentamos uma primeira versão, de carácter forçosamente preliminar, do sistema de aprovisionamento praticado pela(s) comunidade(s) pré-histórica(s) da Serra da Cabreira; numa primeira instância, procurando determinar e caracterizar os diferentes recursos litológicos, diferenciando-os quanto ao seu modo de obtenção directo e/ou indirecto e, numa perspectiva mais abrangente, levantar hipóteses de trabalho quanto à localização das fontes de matéria-prima e áreas de exploração preferenciais.

Palavras-chave: Mesolítico Final • Geoarqueologia • Estudos mineralógicos

IDENTIFICACIÓN DE LA PROCEDENCIA DE UNA CABEZA EN MÁRMOL BLANCO DE ÉPOCA ROMANA ENCONTRADA EN CALDES DE MONTBUÍ (BARCELONA, ESPAÑA) MEDIANTE ANÁLISIS MULTIMÉTODO

Pilar Lapuente Mercadal1, Anna Gutiérrez Garcia-M.2, Roberta Di Febo2


1 – Universidad de Zaragoza
2 – Institut Català d’Arqueologia Clàssica – ICAC

El mármol blanco fue una de las rocas más explotadas y empleadas en la Antigüedad por, entre otras razones, sus propiedades estéticas, su valor y su prestigio. Especialmente ilustrativo de ello es su como soporte escultórico, formando parte intrínseca de los programas decorativos y monumentales de muchos centros urbanos en Hispania y el resto del mundo romano. En efecto, fueron muchas canteras de mármol blanco activas en este período, no sólo en Grecia, Asia Menor e Italia sinó también, como se ha confirmado en las últimas décadas, en la Península ibérica.
En este poster, se presentan los resultados del análisis por microscopía óptica mediante microscopio de luz polarizante (MOP), catodoluminiscencia (CL) y de los isótopos estables del C y O realizados sobre una cabeza en mármol blanco encontrada durante las recientes excvaciones realizadas en Caldes de Montbuí (provincia de Barcelona) para determinar el origen del mármol empleado. Esta pieza formaba parte del relleno de una gran natatio del siglo II d.C. de las termas y se ha interpretado como una cabeza del dios Apolo. Su importancia radica en que es una de las pocas esculturas encontradas en este municipium romano, en su hallazgo en contexto estratigráfico y en la gran calidad de su talla, que la relaciona con talleres altamente calificados.
La interpretación combinada de los datos obtenidos confirma que se trata de un mármol de origen griego, aspecto extremadamente interesante: no sólo permite comprender no sólo el proceso de elaboración de la pieza en sí y el nivel de lujo y poder económico relejado en el complejo arquitectónico del que formó parte esta escultura, sino que también aporta nueva información sobre la llegada y comercio del mármol en la Hispania romana.

Palavras-chave: Mármol • Análisis multimétodo • Época romana

CARACTERIZACIÓN ARQUEOMÉTRICA DE LA PRODUCCIÓN CERÁMICA MELADA DE TORO (ZAMORA): EL ALFAR DE CUESTA DEL NEGRILLO

Uxue Sanchez1,2, Javier G. Iñañez2,3, Gorka Arana1,4

1 – Departamento de Química Analítica, Facultad de Ciencia y Tecnología, Universidad del País Vasco (UPV/EHU)
2 – GPAC, Grupo de Investigación en Patrimonio Construido, Universidad del País Vasco (UPV/EHU)
3 – Departamento de Geografía, Prehistoria y Arqueología, Facultad de Letras, Universidad del País Vasco (UPV/EHU)
4 – IBeA (Ikerkuntza eta Berrikuntza Analitikoa)

La provincia de Zamora alberga una larga tradición alfarera que se ve reflejada en los centros de producción documentados, como los del barrio de Olivares (ciudad de Zamora) y Cuesta del Negrillo (Toro). Este último alfar, cuya actividad se desarrollaba entre los siglos XVII y XVIII, producía piezas de uso culinario, almacenamiento, transporte, higiene personal y constructivo, asociados con un ambiente rural y caracterizados con pastas de color rojo y un acabado en vidriado translúcido marrón.
En las intervenciones llevadas a cabo en los años noventa en el núcleo urbano de Toro, se recuperaron lotes de cerámicas procedentes de Cuesta del Negrillo, del Patio del Siete del Palacio de los Condes de Requema y, por último, de la Cuesta del Matadero. Las cerámicas exhumadas en las dos primeras intervenciones corresponden al siglo XVII. Las cerámicas procedentes de la Cuesta del Matadero mantienen paralelos tipológicos con el alfar estudiado, aunque su cronología es imprecisa al proceder de trabajos de prospección.
Con el objetivo de caracterizar y evaluar la producción cerámica de Toro, se ha llevado a cabo una caracterización arqueométrica mediante una aproximación multi-analítica de 14 cerámicas sin vidriar y vidriadas meladas. Así, el análisis químico y mineralógico se ha hecho mediante ICP-MS y DRX, la microestructura de las pastas y la caracterización del vidriado se ha estudiado mediante MEB-EDS y, por último, para la documentación de las características macroscópicas y microscópicas de las pastas cerámicas se ha utilizado la microscopía óptica. Así, se ha podido concluir que todas las cerámicas estudiadas menos una –cuya proveniencia no se ha podido determinar–, provienen del alfar de la Cuesta del Negrillo. De esta manera, se ha caracterizado arqueométricamente la producción cerámica de la ciudad de Toro para los siglos XVII.

Palavras-chave: Zamora • ICP-MS • DRX

ESTUDOS PALEOAMBIENTAIS E BIOMATERIAIS

ANÁLISIS ANTRACOLÓGICO Y QUIMIOMÉTRICO DE CARBONES DE LA FOSA 16 PERTENECIENTE AL ÁREA ARQUEOLÓGICA DE PERDIGÕES

Ginevra Coradeschia1, Nicasio T. Jiménez-Morilloa1,2, Ricardo Miguel Godinho3, Cristina Barrocas Dias1, António Varela3,4

1 – Laboratório HERCULES, Universidade de Évora
2 – ICAAM, Universidade de Évora
3 – Interdisciplinary Center for Archaeology and Evolution of Human Behaviour (ICArEHB), Universidade do Algarve
4 – NIA, Núcleo de investigação Arqueológica da ERA Arqueologia S.A

La fosa 16, del sitio arqueológico Perdigões (Alentejo, Portugal), es un contexto funerario particular que ha sido datado a mediados del 3er milenio A.C. interpretándose como un depósito secundario de una cremación humana colectiva. Los restos humanos se mezclaron tanto con otros artefactos quemados como con un gran número de fragmentos de carbones. Estos, posiblemente, forman parte de la pira funeraria, reflejando la madera utilizada para la cremación. El estudio de carbones arqueológicos otorga información paleoetnográfica sobre los rituales funerarios.
El objetivo de este trabajo fue evaluar, mediante análisis antrocológicos y quimiométricos, las condiciones rituales: explotación de la madera, temperatura de combustión de la pira, así como proporcionar información adicional sobre el contexto funerario.
Tras el análisis de 754 fragmentos de carbones de las dos unidades estratigráficas (72 y 74) que componen os contextos de cremaciones, mediante microscopía de luz reflejada y microscopía electrónica de barrido, se determinaron 7 taxones a nivel de especie (Olea europaea, Pinus cf. pinaster, Fraxinus cf. angustifolia, Arbutus unedu), a nivel de género (Quercus sp. evergreen, Cistus sp.) y a nivel familiar (Leguminosae). Además, los carbones fueron químicamente caracterizados usando de manera combinada la espectroscopia de infrarrojo y la regresión por mínimos cuadrados para determinar la temperatura de cremación. Los resultados mostraron un modelo significativo (P < 0.05) de la temperatura de cremación para los taxones principales. Olea registró una temperatura de 371±38 oC, mientras que Quercus y Pinus fueron de 530±27 oC y 498±13 oC, respectivamente.
Los análisis mostraron ciertas diferencias entre las dos unidades estratigráficas, sugiriendo que puede haber existido 2 piras y, por lo tanto, dos momentos de deposición diferentes. Además, la identificación de los taxones sugiere que estas cremaciones pudieron ocurrir bien en el propio sitio arqueológico o en sus alrededores o en un área con acceso a una vegetación similar.

Palavras-chave: Carbones arqueológicos • Análisis quimiométrico • Análisis antracológico

PROSPEÇÃO GEOFÍSICA E ANÁLISES ESPACIAIS

INTEGRAÇÃO DE VÁRIOS MÉTODOS GEOFÍSICOS PARA DETEÇÃO DE PATRIMÓNIO SOTERRADO (SOBRAL DA ADIÇA)

Samuel P. Maló das Neves1, Rui Monge Soares2

1 – ARROW4D – Consultores de Engenharia e Geofísica, Lda
2 – Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (UNIARQ), Faculdade de Letras, Alameda da Universidade, Lisboa, Portugal

Durante os trabalhos de escavação arqueológica no sítio do Cabeço Redondo (Sobral da Adiça, Moura) foi possível obter a colaboração da empresa ARROW4D – Consultores de Engenharia e Geofísica, Lda. A qual procedeu desde 2017 à realização de várias campanhas de geofísica aplicada e deteção remota para deteção de património soterrado.
A aplicação sistemática de vários métodos geofísicos, nomeadamente: termografia aérea, magnetometria, georadar, resistividade elétrica, e obtenção do modelo digital 3D do terreno com recurso a drone, apoiado com topografia, permitiu a otimização das atividades arqueológicas bem como a valorização precoce do local. Para além deste facto, permitiu aos técnicos da geofísica aplicar novas metodologias geofísicas, e compará-las com as antigas, bem como cruzar os resultados provenientes de diferentes métodos geofísicos, de modo a caracterizar as anomalias de acordo com as propriedades físicas obtidas por cada método, e identificar as eventuais anomalias de acordo com a sua natureza geo-arqueológica. É de salientar, que por vezes em geofísica, existem várias possibilidades de solução para o problema (não unicidade do problema). Nesse sentido, a utilização de vários métodos permitiu uma melhor caracterização das anomalias soterradas, o que levou a menores erros de interpretação.
Após a escavação dos locais indicados pela equipa de geofísica, foi possível cruzar e validar a informação obtida em campo com os resultados geofísicos, e assim estabelecer algumas relações físicas importantes, de modo a serem aplicadas em casos futuros.

Palavras-chave: Geofísica • Património • Geo-arqueologia

ESTUDOS ISOTÓPICOS E DATAÇÃO

DIETA Y DINÁMICA DE LOS ÚLTIMOS MUSULMANES Y LOS PRIMEROS CRISTIANOS EN EL ALGARVE ENTRE LOS SIGLOS XII AL XIV

Alvaro Felipe Ortega-González1, Judith M. López-Aceves1, Filomena Barros2, Hermínia Vilar2, Fernando Correia2, Teresa Fernandes3,4, Claudia Umbelino3, Maria João Valente5, Cristina Tete Garcia6, Isabel Luzia7, Cristina Dias1, Anne-France Maurer1, Nicasio Jimenez-Morillo1, Rebecca MacRoberts1

1 – HERCULES Laboratório, Universidade de Évora
2 – CIDEHUS, Universidade de Évora
3 – CIAS, Universidade de Coimbra
4 – Universidade de Évora
5 – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade do Algarve
6 – Direção Regional de Cultura do Algarve
7 – Câmara Municipal de Loulé

Esta investigación es parte del proyecto FCT TRANSCULTURAL (IF / 01661/2015 y POCI-01-0145-FEDER-031599): Arqueología de la historia y antropo-bio-geo química de poblaciones medievales en Portugal durante los siglos X al XIV. Identidades culturales e interculturales descodificadas a través de un estudio dietético y de movilidad. Este proyecto tiene como objetivo ilustrar, a través de la investigación de los hábitos culturales funerarios y alimentarios, la ideología social de las poblaciones musulmanas y cristianas en los albores del Reino portugués en los siglos XII-XIV. A partir del final del régimen autoritario en Portugal, la investigación arqueológica medieval ha florecido, pero aún sabemos poco sobre la transición y las relaciones entre los musulmanes y los cristianos que prevalecían al final del Gharb.
Los hábitos dietéticos y los patrones de movilidad se archivan en el esqueleto durante el transcurso de la vida de los individuos, a través de la ingestión de componentes dietéticos cuya composición química específica depende de su naturaleza y lugar de obtención. La dieta y la movilidad se investigarán principalmente a través de 4 sistemas isotópicos: carbono, nitrógeno y azufre, así como isótopos de estroncio, que proporcionarán información sobre el tipo de planta ingerida (δ13C), el nivel trófico de los consumidores (δ15N), el consumo de alimentos marinos (δ15N, δ34S) o provenientes de agua dulce (δ34S), y el sustrato geológico en el que vivía la población (87Sr / 86Sr).
Esta proyecto se centrará en las ciudades de Loulé y Cacela Velha , y más específicamente en los cementerios de la Quinta de Boavista (Loulé) y el cementerio Poço Antigo (Cacela Velha); el primero ocupado por los almohades entre los siglos XII y XIII, y el segundo por los cristianos entre los siglos XIII y XIV.

Palavras-chave: Diet • Mobility • Stable isotopes

DATAÇÃO ABSOLUTA POR LUMINESCÊNCIA E ESTUDOS COMPOSICIONAIS PARA A PALEORECONSTRUÇÃO DE ESTRUTURAS TIPO FOSSO NA HORTA DOS QUARTEIRÕES, ALENTEJO (PORTUGAL)

Ana Luísa Rodrigues1, Maria Isabel Dias1, António Carlos Valera2,3, Fernando Rocha4, Maria Isabel Prudêncio2, Guilherme Cardoso2, Dulce Russo2, Rosa Marques2

1 – Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares (C2TN), Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa
2 – ERA Arqueologia S.A.
3 – Interdisciplinary Center for Archaeology and Evolution of Human Behavior (ICArHEB), Universidade do Algarve
4 – GeoBioTec/Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro

No sítio arqueológico Horta dos Quarteirões (Brinches, Serpa – Alentejo) foi identificado um conjunto de interfaces, de funcionalidade e cronologia indeterminadas, considerados como duas estruturas negativas do tipo fosso circular escavadas em materiais geológicos ricos em calcite. Os trabalhos arqueológicos permitiram perceber que, apesar do fosso 2 ser mais profundo e a sua colmatação se ter iniciado mais cedo, ambos estiveram abertos e expostos em simultâneo, pois apresentavam depósitos comuns. Atendendo à dificuldade em identificar o período de construção, ocupação e abandono das estruturas, bem como explicar a relação cronológica entre os fossos e os processos de preenchimento dos mesmos, visa-se com este trabalho contribuir para melhor delimitar estes períodos com recurso à datação por luminescência e caracterização composicional dos materiais depositados na secção de interseção dos fossos, bem como determinar a composição dos materiais representativos do contexto geológico. A composição química e mineralógica dos materiais estudados permitiu estabelecer algumas relações entre os materiais de preenchimento dos fossos e o substrato geológico, corroborando na maioria dos casos a interpretação arqueológica. Verificou-se ocorrer uma sobrevalorização da idade de luminescência das amostras mais carbonatadas, relacionada com os efeitos do elevado teor em calcite da amostra total na dose absorvida e na taxa de dose. A datação por luminescência indicou o período Calcolítico o que, atendendo ao conjunto de estruturas negativas estudadas na região, está dentro das expectativas. A semelhança entre as duas amostras datadas aponta para que a exposição dos materiais de preenchimento inicial do fosso 1 e dos materiais de preenchimento inicial comum a ambos os fossos terá ocorrido no mesmo período, o que corrobora as indicações dos arqueólogos de que os fossos estiveram abertos e expostos em simultâneo. Estudos de luminescência e composicionais contribuíram para a paleoreconstrução da dinâmica de preenchimento deste tipo de estruturas negativas.

Palavras-chave: Dinâmica de preenchimento de fossos • Datação por luminescência • Efeito da calcite

IDENTIFICAÇÃO E DATAÇÃO POR LUMINESCÊNCIA DE EVIDÊNCIAS ARQUEOLÓGICAS DE “FIRE-SETTING” NA MINA LA TURQUESA, CATALUNHA (ESPANHA)

Ana Luísa  Rodrigues1, Maria Isabel Dias1, Guilherme Cardoso1, Núria Rafel Fontanals2, Ignacio Soriano3, Maria Isabel Prudêncio1, Rosa Marques1, Dulce Russo1

1 – Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares (C2TN), Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa
2 – Balmes 350, 4, 1, 08006 Barcelona, Spain
3 – Grup de Recerca Arqueològica del Nordest Peninsular – GRANEP & Departament de Prehistòria, Universitat Autònoma de Barcelona

Na mina de cobre La Turquesa (Cornudella de Montsant, Catalunha, Espanha) foram encontradas evidências de exploração na pré-história (num período entre o Calcolítico e a Idade do Bronze) e no século XIX. Escavações arqueológicas recentes revelaram um conjunto de artefactos, e concavidades junto ao veio de cobre, que sugerem a aplicação da técnica de “fire-setting”. Esta técnica de extração consiste no enfraquecimento da rocha por choque térmico: aquecimento com fogo, seguido de arrefecimento brusco. Apesar das evidências da aplicação da técnica, a ausência de outros vestígios de aquecimento por fogo, p.e. carvão, conduzem à necessidade de confirmar a aplicação de “fire-setting”. Este trabalho tem como objetivo confirmar e datar o uso de “fire-setting”, otimizando os protocolos laboratoriais e de datação por luminescência. Foram amostrados fragmentos rochosos em duas concavidades na rocha geradas pelos processos de extração (MT1 e MT2) bem como materiais representativos da rocha encaixante e veio de cobre. Em cada ponto de amostragem foram feitas medições de espectrometria gama. Aplicaram-se diferentes protocolos de luminescência, um protocolo de TL e um protocolo semiquantitativo mais abrangente que permitiu estudar os sinais TL, OSL e IRSL, em grãos grosseiros de quartzo. A amostra que apresentou sinais de luminescência com características de aquecimento foi detalhadamente estudada utilizando protocolos regenerativos de alíquotas simples (SAR-OSL) e de grão simples (”single grain”). Foram encontrados sinais naturais de luminescência baixos, apontando para o uso de “fire-setting” para a extração de cobre em duas amostras. A forma dos grãos de quartzo extraídos do material rochoso impossibilitou a aplicação do protocolo de single-grain. Apesar da elevada incerteza (inerente à heterogeneidade do aquecimento), o resultado obtido pelo protocolo SAR-OSL, permitiu o cálculo de uma idade de luminescência comprovando que a técnica de “fire-setting” foi usada na pré-história para a exploração de cobre na mina La Turquesa.

Palavras-chave: Datação por luminescência • “Fire-setting” • Identificação de aquecimento em materiais rochosos

TRANSCULTURAL – HISTÓRIA, ARQUEOLOGIA E ANTROPO-BIOGEOQUÍMICA DA POPULAÇÃO MEDIEVAL EM PORTUGAL (SÉCS. X-XIV). IDENTIDADES CULTURAIS E INTERCULTURALIDADE DESCODIFICADAS PELO ESTUDO DA DIETA E DA MOBILIDADE

Anne-France Maurer1, Filomena Barros2, Hermínia Vilar2, Fernando Correia2, Teresa Fernandes3,4Cláudia Umbelino3, Maria João Valente5, Marco Liberato4, Cristina Tete Garcia6, Isabel Luzia7, Isabel Fernandes4, Cristina Dias1, Nicasio Jimenez-Morillo1, Rebecca MacRoberts1Cláudia Relvados3

1 – HERCULES Laboratório, Universidade de Évora
2 – CIDEHUS, Universidade de Évora
3 – CIAS, Universidade de Coimbra
4 – Universidade de Évora
5 – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade do Algarve
6 – Direção Regional de Cultura do Algarve
7 – Câmara Municipal de Loulé

Nesta comunicação apresentamos o projeto TRANSCULTURAL (IC&DT – AAC n.º 02/SAICT/2017, código da referência POCI-01-0145-FEDER-031599).
Este projeto, iniciado em outubro de 2018, incide sobre o período medieval no Centro e Sul de Portugal. Tem como objetivo complementar com novas perspetivas as fontes documentais históricas e arqueológicas, e ampliar os conhecimentos sobre um período de transição económica e política (sécs. X-XIV) cujo impacto sobre os diferentes grupos sociais, cristãos e muçulmanos, a sua coexistência e as suas relações interculturais são ainda pouco compreendidas.
Usando uma abordagem interdisciplinar, que associa a história, a antropologia, a biogeoquímica e a zooarqueologia, propomo-nos abordar o modo de vida (dieta e mobilidade) de diferentes grupos e as dicotomias de sete necrópoles medievais—consideradas de especial interesse para o estudo do período em análise, i.e. cristãos e muçulmanos, militares versus população civil, homens versus mulheres.
A dieta e a mobilidade serão estudadas a partir da composição bioquímica dos esqueletos humanos sepultados nos cemitérios selecionados (Santarém, São Miguel de Odrinhas, Palmela, Évora, Beja, Loulé e Cacela Velha). Os hábitos de dieta e padrões de mobilidade ficam arquivados no esqueleto durante a vida do individuo a partir da ingestão dos seus componentes de dieta, cuja composição química específica depende da sua natureza e localização. Os isótopos utilizados serão o carbono, o azoto e o enxofre, bem como o oxigénio e o estrôncio, os quais fornecerão informação sobre o tipo de plantas ingerido (δ13C), o nível de trófico consumido (δ15N), o consumo de alimentos de origem marinha ou água fresca (δ15N, δ34S), a localização geográfica (δ18O, δ2H) e o substrato geológico no qual a população vivia (87Sr/86Sr).
Esta apresentação resumirá o progresso geral dos resultados obtidos até agora, sejam eles metodológicos ou históricos.

Palavras-chave: Isótopos • Dinâmicas sociais • História comparativa

STABLE ISOTOPES STUDY OF BONE COLLAGEN FROM THE BRONZE AGE INDIVIDUAL OF VALE FERREIRO, FAFE, NORTHWEST PORTUGAL

Aurora Grandal-d’Anglade1, Ana M. S. Bettencourt2,3, Hugo Aluai Sampaio2,4,5

1 – Instituo Universitario de Xeoloxía, Universidade da Coruña
2 – Landscape, Heritage and Territory Laboratory (Lab2PT)
3 – Departamento de História, Universidade do Minho
4 – Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação em Turismo (CiTUR)
5 – Escola Superior de Hotelaria e Turismo, Instituto Politécnico do Cávado e do Ave

The human remains found in the underground tomb of Vale Ferreiro 1, in Fafe, correspond to a male individual, about 15 years old, with no bone or dental pathologies, morphologically or radiologically worth mentioning, as well as any trace of trauma, which indicates a very reasonable health status at the time of his death. He was buried vertically, probably squatting in a stone chamber of great constructive investment, in the context of other burials. The corpse, covered with a red dye, was dated by the C14 between 2141 and 1884 cal. BC (95.4%), i.e. from the Early Bronze Age.
To understand more about this finding, we have performed a stable isotope analysis (SIA). SIA in bone collagen allows us to know the type of food of an individual, since large food groups (C4 plants such as millet, C3 plants such as other cereals and vegetables, meat, sea or river fish…) have characteristic isotopic signatures. In this way, we can learn about the individual’s diet and lifestyle. However, for a correct interpretation it is necessary to have isotopic reference values, for example, of contemporary herbivorous animals. When, as in this case, this type of data is not available, comparison with nearby and contemporary sites is used, if possible. This means that for the interpretation it is necessary to take into account the possible climatic and topographical differences between one area and another. In addition, the physiological state of the individual also influences (although to a lesser extent than the diet) the isotopic values of its collagen: for example, to be in active growth, to have nutritional deficiencies, etc.
In this work we analyse in a comparative way the isotopic values of the individual of Vale Ferreiro, interpreting the results in his chronocultural and anthropological context.

Palavras-chave: Early Bronze Age • Human remains • Stable isotopes

DIET AND MOBILITY DURING THE CHRISTIAN CONQUEST OF IBERIA: THE MULTI-ISOTOPIC INVESTIGATION OF A 12TH-13TH CENTURY MILITARY ORDER IN ÉVORA, PORTUGAL

Rebecca Anne MacRoberts1, Anne-France Maurer1, Cristina Barrocas Dias1, Teresa Fernandes1, Ana Luisa Santos2, Claudia Umbelino2, Ana Gonçalves3, Jose Francisco Santos4, Sara Ribeiro4, Bernd R. Schöne5, Filomena Barros1, Fernando Branco Correia1, Herminia Vasconcelos Vilar1

1 – Universidade de Évora
2 – Universidade de Coimbra
3 – Arkhaios
4 – Universidade de Aveiro
5 – University of Mainz

O Reino de Portugal foi estabelecido com a ajuda de ordens militares-monásticas, que ajudaram a combater os exércitos muçulmanos durante a conquista cristã do século XII-XIII. Enquanto as fontes históricas documentam os principais eventos deste período, a investigação aqui apresentada procura elucidar estilos de vida e a movimentação individual, aspectos tipicamente ausentes dos registos escritos. Foi utilizada uma abordagem multi-isotópica para análise de material osteológico proveniente de oito sepulturas cristãs e duas muçulmanas de Évora, Portugal (séculos VIII-XIII). As evidências antropológicas e arqueológicas sugeriam que os adultos cristãos pertenciam à Milícia de Évora, o que procuramos confirmar através do estudo da reconstrução da dieta e mobilidade desses indivíduos. As razões isotópicas de carbono, azoto e enxofre foram analisadas no colagénio ósseo, enquanto no esmalte dos dentes foram analisadas as razões isotópicas de carbono, oxigénio e estrôncio.
Os valores de δ18O e de δ87Sr do esmalte dentário sugerem que apenas um dos indivíduos cristãos seria local, tendo os restantes indivíduos origens geográficas diversas. O adulto muçulmano estudado seria local. Os valores de δ13C do esmalte dentário forneceu evidências de consumo de diferentes cereais (C3 e C4) durante a infância dos indivíduos, o que pode estar relacionado com o seu estatuto social. Os valores humanos de δ13C do colagénio ósseo indicaram principalmente dietas em C3 com contribuições variáveis de C4, enquanto os dados de δ15N evidenciam um consumo de proteína variável.
A dieta desta população foi comparada com a de outras populações da Ibéria Medieval e populações monásticas/conventuais europeias. Existem tendências nos valores isotópicos de populações que provavelmente seguem as regras do jejum religioso, incluindo os cristãos de Évora. Os resultados deste estudo indicam que a Ordem de Évora foi composta por membros de diversas origens geográficas e possivelmente sociais, um aspecto anteriormente pouco claro em fontes escritas.

Palavras-chave: Medieval Portugal • Isotopes • Diet & mobility

IMAGEM E MODELAÇÃO 3D

POLARIZACIÓN CRUZADA EN LA CONSTRUCCIÓN DE MODELOS 3D FOTOGRAMÉTRICOS: MEDIDA Y CONTROL DE LA CALIDAD COLORIMÉTRICA

Ángel M. Felicísimo1, Guadalupe Durán1, María-Eugenia Polo1, María de los Reyes de Soto2, Trinidad Tortosa2, Carlos J. Morán2

1 – Universidad de Extremadura
2 – Instituto de Arqueología de Mérida

La construcción de modelos 3D de objetos arqueológicos mediante fotogrametría es difícil cuando el objeto tiene una superficie con reflectancia no lambertiana y muestra brillos intensos. La ubicación de dichos brillos no es coherente en el conjunto de fotografías, cambiando de posición e intensidad según las posiciones relativas de la cámara, las luces y el objeto. La polarización cruzada es una técnica de iluminación que permite reducir o eliminar este problema. Sin embargo, el uso de luz polarizada y de filtros modifica los colores y el contraste de los objetos, con lo que construir un modelo con color fiel se complica. En este trabajo describimos esta técnica de iluminación y analizamos sus ventajas y problemas, con una propuesta para la medida y control de la fidelidad colorimétrica.

Palavras-chave: Modelado 3D • Colorimetría • Iluminación

PARA LÁ DO QUE A VISTA ALCANÇA: RECUPERAÇÃO DE CAMPOS EPIGRÁFICOS ERODIDOS COM RECURSO A SCANNER 3D

Mafalda Alves1, Paulo Bernardes1, Luís Fontes1

1 – Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho

A Via Nova, ou Geira, como é localmente conhecida, apresenta, no conjunto do seu traçado entre Bracara Augusta e Asturica Augusta, uma das maiores coleções de epigrafia viária atualmente reconhecidas na Península Ibérica. Classificada como Monumento Nacional entre as milhas XIV e XXXIV, encontram-se ainda nesta parte do traçado cerca de 114 dos 140 miliários referenciados, a maioria dos quais disposto no local da respetiva milha.
A Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho e o Município de Terras de Bouro retomaram a investigação do traçado classificado, com vista ao desenvolvimento de um plano de valorização e gestão integrada deste bem patrimonial. No âmbito deste projeto, foi avaliada uma metodologia de recuperação volumétrica dos miliários depositados no Museu da Geira e na Galeria do Miliários, através de um scanner de mão 3D utilizado em ambiente controlado, no caso o Sense®, da 3D Systems. Com vista à evidenciação dos campos epigráficos, altamente erodidos, a malha volumétrica gerada pelo scanner foi pós-processada em ambiente VTK e MeshLab. Os filtros aplicados à superfície da malha permitiram realçar sobremaneira campos epigráficos que, a olho nu, se afiguram ilegíveis, contribuindo assim para a recuperação do conteúdo epigráfico remanescente.
Consideramos que a rapidez de levantamento e a qualidade dos modelos obtidos tornam o Sense® numa ferramenta que, tendo um baixo custo de aquisição, devolve resultados bastante satisfatórios face à escala do pretendido e às especificidades do levantamento.

Palavras-chave: Scanner 3D • Epigrafia • Modelação

OPTICAL MICROSCOPY AND SEM OBSERVATIONS IN FOUR PALAEOLITHIC ENGRAVED STONE PLAQUES FROM THE MEDAL ARCHAEOLOGICAL SITE (NORTHEAST PORTUGAL)

Sofia Soares de Figueiredo1, Elin Figueiredo2, Ana Tsoupra3, Primitiva Bueno4, José Mirão3

1 – Lab2PT, Universidade do Minho
2 – CENIMAT/I3N, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa
3 – Laboratório Hércules, Universidade de Évora
4 – Área de Prehistória, Universidad de Alcalá

Since the beginning of the 21st century, the number of Palaeolithic engraved stone plaques in the Atlantic facade of the Iberian Peninsula has experience a significant increase. Among the archaeological sites that contributed to this increase, the Medal site stands out for its impressive collection with more than one thousand fragments with different chronologies ranging from the Gravettian to the Magdalenian period. In this presentation, we aim to show the first results obtained through microscopic analysis as well as image-based modelling, in a set of four Magdalenian monothematic plaques, with two horses and two aurochs depicted.
For a detailed observation of the engravings a stereomicroscope, a multi-focus microscope and a variable pressure electron microscope were used, capable of different magnifications and illumination/observation systems.
The collected images show us diverse traces depending on whether pecking, abrasion or incision was the engraving technique applied. In addition, through the 3D analysis of the morphology of the grooves produced by abrasion, namely regarding their asymmetry, we can for example infer from which side the recorder performed the trace, approaching us to the gesture behind the motif.
With this poster we present the first results of an archaeometric approach to four plaques of the Medal site, a study that we intend to develop further and extend to more plaques of the collection also taking into account experimental references.

Palavras-chave: Palaeolithic • Portable art • Microscopic analysis